domingo, 15 de fevereiro de 2009

Estado de Sítio

Em Dresden, o “Dia de S. Valentim” tem uma conotação mais sombria.

Entre 13 e 15 de Fevereiro de 1945, 12 semanas antes do final da guerra na Europa, 1300 bombardeiros Britânicos e Norte-Americanos largaram 3900 toneladas de explosivos e bombas incendiárias sobre Dresden, numa das mais controversas acções militares dos aliados. Dresden, uma cidade orientada para a cultura e com poucos alvos militares, perdeu vários dos seus monumentos centenários e viu morrer dezenas de milhares dos seus habitantes. Desde então, “celebra-se” o dia 14 de Fevereiro como o aniversário do Bombardeamento de Dresden (em Inglês, com mais detalhe).

Embora este dia seja tipicamente assinalado com homenagens às vítimas, recentemente começou a ganhar uma aura mais negra: facções de extrema-direita usam a tragédia de Dresden na sua propaganda, como forma de reforçar a sua mensagem nacionalista.
Assim, desde os anos 90, o dia 14 passou a ser marcado por marchas e manifestações destes partidos e organizações nacionalistas e (não oficialmente) neo-nazis. Tudo legalizado e escoltado pela polícia.

Ora, e se há por estes lados uma grande presença de extrema-direita, também se sente nas ruas um grande sentimento anti-nazi. Desde o dia em que chegámos que vemos propaganda nas ruas, com suásticas a serem destruídas ou atiradas para o lixo. Portanto também não é de admirar que os restantes partidos políticos e organizações anti-nazi escolham este dia para se manifestarem.
É preciso perceber que os activistas anti-nazi não são hippies de guitarra na mão a cantar o kumbaya com coroas de flores na cabeça. Pensem mais neles como punks que gostam de implicar com a polícia, e que nazis são só mais uma das coisas de que eles não gostam.

Ao longo da semana houve burburinho, sentia-se expectativa a formar-se para o fim-de-semana. Propaganda nas ruas, conversas nos cafés, presença policial fora do normal na véspera. Era óbvio que ia ser um dia agitado, mas mesmo assim não estava preparado para o que ia ver.

Estava marcada uma marcha de extrema direita (6.000 pessoas), duas outras manifestações contra a primeira (10.000), e uma operação policial de um tamanho que eu não sabia possível, com agentes e equipamento vindos de todo o pais (4.000 agentes).

O André estava de visita à cidade, e não podia ter escolhido fim-de-semana melhor. Ele e o Tiago saíram de casa mais cedo do que eu para tentar ver alguns monumentos no meio da agitação.

Combinei com o Kabir ir acompanhar uma das marchas dos "bons" por volta da hora de almoço, mas os nosso problemas começaram logo ao sair de casa. A estação de comboio ao lado de minha casa, ponto de passagem para ir para qualquer sítio, estava entupida de polícia e de manifestantes de uma das facções (só percebi que eram os "maus" quando já estava mesmo no meio deles). Os transportes estavam cortados em quase toda a cidade. O Kabir também estava com problemas em sair de casa. Um agente tentou convencê-lo a ficar em casa. "Tem a certeza que quer sair hoje?".

Conseguimos encontrar-nos finalmente, depois de contornar os cordões policiais que pareciam estar a bloquear todas as ruas. Estávamos numa praça que era o cruzamento de 3 ruas, e começámos a notar alguma agitação numa delas. De repente ouvimos gritos e vemos vários jovens vestidos de preto a correr para o meio da praça, a fugir da polícia. Eu e o kabir viramo-nos para uma das outras ruas para tentar sair dali, mas somos bloqueados por um cordão da polícia, onde alguns segundos antes não havia ninguém. Quando nos viramos para a única saída que restava, haviam mais umas dezenas de agentes. Não sei de onde nem como apareceram tão depressa, mas a agitação dispersou-se tão depressa como surgiu.















O Kabir foi para casa, eu continuei a ver o espectáculo com um amigo Alemão, o Martin. Achei que era boa ideia ter um local comigo. Ele apontou os militantes de algumas das fações políticas que ali se manifestavam.
Atravessámos a ponte, na direcção de Albert Platz, a maior praça e o ponto mais central da cidade. Quando lá estávamos a chegar, vimos um remake da agitação a que tinha assistido mais cedo com o Kabir. Estávamos novamente atrás de algumas dezenas de jovens vestidos de preto, que estavam encostados ao cordão da polícia a causar agitação. Ouvimos um grito de ordem, e a polícia investe contra a multidão, que começa a debandar para o sítio onde estávamos. Eu e o Martin fugimos para uma das ruas laterais. Estávamos a descer essa rua quando pelo menos 20 carrinhas de polícia estacionam ao nosso lado, de onde sai um exército que corre na direcção da praça, de cassetete na mão. Eu e o Martin enconstámo-nos aos prédios para os deixar passar, e continuámos na direcção contrária à praça.

Mais tarde vim a saber que o Tiago também estava em Albert Platz +- à mesma hora, onde tirou fotografias a carrinhas de policia que estavam viradas.




Esperámos alguns minutos num beco e depois contornámos a praça e a parte norte da cidade. A agitação parecia muito menos naquela zona, mas continuavam-se a ver agentes em muitas esquinas, e os helicópteros. Durante todo o dia haviam sempre dois helicópteros no ar, e não me lembro de ter passado por algum ponto da cidade de onde não visse pelo menos um.
A acção parecia ter sido dispersada, mas agora a polícia estava em peso a bloquear as pontes, pelo que não podiamos ir para casa. Centenas de agentes, carrinhas, camiões com canhões de água, e uma espécie de carros de combate impunham respeito e bloqueavam a passagem.
A segunda ponte que tentámos tinha muito menos gente, por isso conseguimos convencê-los a deixarem-nos passar depois de mostrarmos identificação.
No lado sul parecia haver mais calma, mas mesmo assim havia tensao e presenca policial em todas as esquinas. Como alguns transportes já estavam a funcionar, conseguimos apanhar um eléctrico para casa.



Noticia Bloomberg: Link
Ouvi dizer que também houve imprensa Portuguesa, mas não encontro, se alguém souber diga

Noticias de anos anteriores, continuam actuais e interessantes:
BBC
Guardian
Independent
ABC

Compilação de fotos da marcha, na estação de comboio mesmo ao lado da minha casa:
*ATENÇÃO* Link para fórum de extrema direita!
Link

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Festa Tuga

Pois é, já passou um mês desde que fizémos a festa Portuguesa no Club Countdown e ainda não pusemos aqui nada. Como já devem saber, correu tudo bem, foi a melhor festa do século, blá blá, os pastéis de nata tinham marcação cerrada logo à porta da cozinha e ninguém os deixava passar, as minis e o vinho do Porto foram durando e guardámos algum para nós. Os "bolinhos" de bacalhau estavam razoáveis (ganda Diana =P), a linguiça e o chouriço souberam a pouco.



















Caso não tenham percebido, o Not está a abrir a garrafa com o cinto mágico dele =P
Até breve!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Anos do Kabir

Não se fala de outra coisa. Na rua, nos autocarros, nos urinóis e no parlamento, todos continuam a falar do evento do ano, a festa de anos do Kabir.

E o que se viu na festa do Kabir?
Caras! Lindas e Bonitas caras!